'O mercado financeiro também é lugar para mulher', diz gestora de ações
16/09/2022
Entre os investidores da Bolsa de Valores (B3), menos de 25% são mulheres.
Para tentar equalizar essa situação, eventos como o Women Invest Summit são cada vez mais frequentes, onde o público majoritariamente de investidoras, mulheres com alto patrimônio e acima dos 45 anos em sua grande maioria, tentam quebrar paradigmas e mostrar que elas são tão boas - ou melhores - que eles quando o assunto é finanças.
"O mercado financeiro também é lugar pra mulher. Dá pra conciliar vida esportiva, familiar. Disciplina e organização fazem toda a diferença. É pra todo mundo, não é porque [o mercado financeiro] é primariamente masculino, técnico, que não é para nossas filhas e nossas netas. Eu amo meu trabalho, tenho prazer no meu trabalho e isso faz muita diferença", afirma a gestora de ações da Macro Capital, Priscila Araújo, que tem três filhas.
Ela conta que sempre teve sócios homens e destaca a importância de ter, desde pequena, incentivo da família para seguir sua vocação para o mundo de exatas.
"Há o estigma de que o mercado financeiro não é para mulher. Tive três filhas, amamentei por um ano cada uma delas. Acho que é possível. Não é fácil, mas é possível. Apesar de trabalhar bastante, eu me considero próxima das minhas filhas, não acho que não é para mulher. Hoje temos o trabalho remoto e temos ferramentas para conciliar", completa.
De acordo com as palestrantes, ainda há um déficit de mulheres no mercado financeiro que talvez demore anos para ser corrigido.
"Existe um certo bloqueio cultural [na lida com as finanças]. A mulher sempre deixou mais para o marido a parte financeira. Quando eu tinha 17 anos, meu pai me fez trocar pneu. É um exemplo bobo, mas é uma realidade. Eu incentivo todas as mulheres e digo que é fácil, mais fácil que química. É como qualquer outra matéria da escola", afirma Fabiana Arana, do BTG.
A predominância masculina ainda é tão forte que não deu para fechar um evento somente com palestrantes mulheres. Ainda teve espaço para os homens, embora eles já dominem praticamente todos os eventos do mercado financeiro.
Priscila conta que passou um ano inteiro tentando contratar uma analista mulher e mesmo anunciando a vaga em canais exclusivos para elas, a grande maioria dos currículos que apareciam eram de homens.
"Tive uma dificuldade imensa de contratar uma analista mulher. Fiquei um ano tentando, acabei contratando um homem. A gente tem um problema de base. Nos países desenvolvidos, há um incentivo para as meninas estudarem carreiras mais técnicas, de tecnologia. Nós precisamos mais disso", diz.
Para Paula Moreno, sócia da Apex Capital, a sororidade é importante no mercado. Uma ajudando a outra, esse é o caminho. "Quando fui diretora da Asset (gestora), consegui que a mesa de operação tivesse cinco mulheres. É uma coisa muito rara. E tem muito valor ter tantas mulheres. Nós temos que trazer mais mulheres para a base", diz.
Apesar de ter um cargo de prestígio e reconhecimento dos pares homens no mercado, Paula relata que já sentiu preconceito. Na volta da primeira licença-maternidade, ela recebeu uma promoção, mas na segunda, ela foi questionada se daria conta do serviço e pouco depois foi trocada de área.
Para Graziela Suman, uma das sócias-fundadoras da Veedha Investimentos, existe uma responsabilidade das mulheres de hoje na nossa geração. "Na assessoria de investimentos, somos menos de 10% dos assessores e agentes autônomos. Eu quero trazer mais mulheres, tem espaço para todo mundo. Juntas somos mais fortes e isso é mais que só uma frase, é uma atuação do dia a dia. Mulher tem de apoiar mulher e homem tem que apoiar mulher também. Ter um marido em casa ajudando no lar, não é favor. Tudo ali é obrigação dos dois", diz.
CLIQUE AQUI e acesse a reportagem completa e original do site Valor Investe.
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Foto: Melpomenem / Getty Images para o Canva Pro