Investidor estrangeiro volta à Bolsa com a desaceleração global

18/08/2022
gráfico da bolsa de valores do lado esquerdo em primeiro plano e algumas pessoas passando à direita com a imagem desfocada

Após uma fuga de capital estrangeiro em abril e maio, quando R$ 13,8 bilhões deixaram a Bolsa brasileira, e um cenário morno em junho e julho, quando R$ 2,3 bilhões ingressaram, os primeiros dias de agosto registraram uma mudança. Em 15 dias, o investidor estrangeiro injetou R$ 11 bilhões na B3, ajudando o mercado acionário a se recuperar – no mês, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, já está subindo 10%.

A mudança de expectativa em relação à desaceleração da economia global – que poderá ser mais suave do que o estimado inicialmente – e a deterioração do cenário político e econômico em outros países emergentes têm favorecido o ingresso de capital estrangeiro aqui no Brasil.

Segundo o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, nos últimos 20 dias cresceu a aposta entre economistas e analistas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) não vai precisar aumentar a taxa de juros de forma tão agressiva para segurar a inflação, o que desestimula os investimentos por lá e aumenta a chance da tomada de risco em países emergentes como o Brasil.

"Há uma visão de que talvez o Fed não precise continuar elevando o juro no ano que vem e de que a taxa possa ficar em 3,5%", diz Campos Neto.

Além disso, os ativos brasileiros estão baratos, o que atrai o investidor estrangeiro. Entre os motivos, a estrategista de ações da XP, Jennie Li, inclui o resultado das empresas no segundo trimestre, tanto no Brasil quanto no exterior. Das empresas do S&P 500, cerca de 70% tiveram um lucro acima do esperado pelo mercado e no Brasil, dados parciais também indicam que 70% das companhias devem apresentar resultados operacionais melhores que os projetados pelos analistas da XP.

Para o gestor de Renda Variável da ACE Capital, Tiago Cunha, a situação política e econômica de países que competem com o Brasil por investimentos favorece a Bolsa brasileira. "Talvez estejamos em uma situação um pouco melhor do que emergentes como Rússia, Chile e Colômbia, por exemplo". No Chile, a nova Constituição pode onerar o investimento estrangeiro. Na Colômbia, o rumo econômico sob o comando do novo presidente ainda é incerto e a Rússia está no meio de uma guerra.

Os analistas ressalvam que não é possível prever se essa tendência permanecerá, mas Campos Neto alerta que o investidor estrangeiro pode, sim estar apenas aproveitando uma oportunidade e mudar de ideia rapidamente. "Até porque o Brasil deve ter uma eleição conturbada", observa. "Não sabemos se a aposta é de curto prazo ou se é algo mais concreto por considerarem que, independentemente de quem ganhar a eleição, o país não costuma deixar as coisas saírem completamente do controle", observa.

CLIQUE AQUI e confira a reportagem completa e original do site CNN Brasil.

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Foto: samxmeg (Getty Images para o Canva Pro)

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