Investi na Renda Fixa quando a Selic era 2% a.a, o que fazer com os papéis agora?

25/11/2022
imagem mostra uma escadinha em ascensão sobre um fundo azul. nos degraus há um ponto de interrogação seguido de uma lâmpada, um alvo, duas engrenagens e um foguete

A Renda Fixa costuma ser a preferência dos investidores com perfil conservador e que não gostam de “surpresas” no meio do caminho. Só que mesmo os ativos que pagam juros – como títulos públicos, CDBs ou debêntures – nem sempre são capazes de proteger totalmente o portfólio da economia brasileira, uma verdadeira caixa de pandora. Especialmente diante da transição para o novo governo federal, a partir janeiro de 2023, que tem causado turbulência no mercado.

Há menos de dois anos, a Selic – “taxa mãe” da economia – estava em 2% ao ano e mesmo não favorecendo os investimentos em Renda Fixa, muitos investidores optaram por ela, principalmente pelo fator segurança. Os meses foram passando e a Selic, subindo. Hoje, está em 13,75% ao ano – e pode virar motivo de desespero para o investidor que abre o aplicativo da corretora e percebe a desvalorização gritante dos títulos comprados em 2021, quando os juros estavam no menor patamar da história.

Diante dessa situação, é comum o investidor se perguntar: devo vender os títulos e comprar novos, com taxas mais altas para compensar o prejuízo ou é melhor deixar tudo como está e aceitar que dói menos?

Em ambos os caminhos há vantagens e desvantagens. "A Renda Fixa só é fixa no vencimento. Se você tentar vender o ativo antecipadamente, terá o que chamamos de marcação a mercado, uma atualização do valor dos papéis de acordo com os preços praticados no momento atual", explica Fernando Marrocco, da Braúna Investimentos.

O especialista chama ainda a atenção para quem investiu em títulos de Renda Fixa entre 2020 e 2021, acreditando que a Selic estabilizaria e ficaria por volta dos 7% ou 8%. Se essa premissa estivesse correta, um CDB prefixado que pagava 8,5% ao ano em março de 2020, por exemplo, seria considerado um investimento com bom retorno. O problema é que ninguém imaginava que, pouco tempo depois, os desdobramentos da Covid-19 e da guerra na Ucrânia obrigariam o Banco Central a elevar a Selic para os atuais 13,75% ao ano. E quem está ganhando 7 ou 8% poderia estar ganhando bem mais.

Segundo Marrocco, hoje em dia, com os juros bem mais altos, é possível investir em CDBs prefixados com taxa de 15,35% ao ano e vencimento em maio de 2024. Mas trocar o papel antigo, com juros de 8,5%, pelo novo, com remuneração maior, será que vale a pena?

Pelos cálculos de Marrocco, matematicamente, a troca não é satisfatória, comparando ativos de prazos parecidos e considerando uma conta mais justa. Supondo alguém que tivesse investido R$ 100 mil em um CDB com juros de 8,5% em março de 2020 e decidisse resgatá-lo antecipadamente agora, receberia de volta aproximadamente R$ 110 mil, já líquidos de Imposto de Renda.

Se investisse esse valor em um CDB novo, com juros de 15,35% ao ano, o investidor chegaria ao vencimento (maio de 2024) com um pouco menos de R$ 136 mil, ao passo que se tivesse simplesmente mantido a aplicação no CDB antigo, obteria um pouco mais de R$ 138 mil no vencimento (março de 2024).

"Neste caso, a única vantagem seria a psicológica. Afinal, o investidor veria seu patrimônio crescendo a uma taxa maior no dia a dia, mas financeiramente, vemos que vale mais a pena carregar até o vencimento", detalha.

A única forma de conseguir calcular com segurança a viabilidade desta troca é se o reinvestimento for feito em Renda Fixa. E para sair ganhando, é preciso apostar em um título com o vencimento mais longo e taxa mais alta. "Depois de algum tempo, este novo título vai compensar o prejuízo da troca, mas é bem importante conversar com um assessor de investimentos para fazer esses cálculos", sugere Marrocco.

Daniella Italiano, analista da Eleven, avalia que, se o investidor resolver manter os papéis em carteira, os novos aportes devem acontecer com taxas melhores, de modo que a rentabilidade total aumente. Se o investidor conseguir se desfazer dos papéis, mesmo com prejuízo, é necessário calcular em quanto tempo ele deve recuperar a perda, considerando um novo título em condições melhores, além de qual será o risco atrelado a esse investimento.

"O resgate desses títulos, para ser vantajoso ao investidor, depende de muitos fatores. O primeiro deles é a liquidez, é necessário que existam interessados em comprar o papel. Se o ativo foi adquirido em um momento de taxas menores de juros, o prejuízo ao investidor é muito provável", diz. E diante do prejuízo, é necessário avaliar as condições do novo investimento: taxas, indexador e prazo de vencimento.

Outro ponto importante é o risco do ativo. "Não adianta sair de um papel de risco zero para tentar recuperar o prejuízo, só que expondo o portfólio a mais risco, aumentando a possibilidade de perder mais ainda", explica Daniella.

CLIQUE AQUI e confira a matéria completa e original do site InfoMoney e a opinião de que vender um título seria como vender uma ação na baixaa, além da importância de analisar o prazo do investidor.

➡️ Siga a SHS nas redes sociais - Facebook, Instagram, LinkedIn e TikTok - e inscreva-se no nosso canal no YouTube.

Lista de espera para os cursos da SHS de educação financeira e investimentos: CLIQUE AQUI, deixe os seus dados e assim que possível entraremos em contato!

Foto: MF3d / Getty Images para o Canva Pro

Siga nossos canais