Perfil do endividamento: mulheres têm mais contas atrasadas e devem mais no cartão de crédito

11/08/2022
imagem fechada nas mãos de uma mulher que mexe simultaneamente em uma calculadora e em um notebook

O brasileiro está cada dia com o bolso mais apertado porque além de a inflação ter corroído a renda, também está mais difícil conseguir um financiamento, mesmo a juros exorbitantes. Mas qual é a "cara" do endividado brasileiro?

Conforme um levantamento feito pela Paschoalotto, empresa especializada em cobrança de dívidas, 68% dos endividados têm entre 25 e 51 anos e estão com as contas acumuladas, essencialmente, no cartão de crédito e em financiamentos. E outro dado chama bastante a atenção: 70% desse contingente são mulheres.

"O número de mulheres que chefiam seus lares cresceu nos últimos anos e alguns fatores explicam a inadimplência mais frequente entre elas", explica Reinaldo Cafeo, economista-chefe da empresa. "Como muitas vezes a renda é insuficiente para arcar com todos os gastos, isso leva a uma priorização das contas que serão pagas e as que serão adiadas ou simplesmente deixadas de lado".

Com isso, a ênfase fica nas contas do dia a dia: carnês, cartão de crédito e financiamentos acabam ficando de lado. Outro ponto que prejudica é falta de educação financeira, que faz com que muitas pessoas aceitem juros abusivos. Segundo o especialista, esse é o principal motivo para que as contas acabem saindo do controle.

Os números consideram os mais de 5,5 milhões de devedores que passam pelo sistema da Paschoalotto mensalmente. O levantamento mostra ainda que o endividamento atinge, em grande parte, as famílias com uma renda mensal de até 10 salários mínimos, que respondem por 76% do total.

Responsável pela área de Pesquisa do Grupo Consumoteca, Marina Roale explica que a situação financeira entre a população feminina no Brasil também foi deteriorada ao longo da pandemia. "Vivemos em um país onde a informalidade está muito presente entre as mulheres. Elas têm a renda mais incerta e o momento é chamado de recessão feminina, onde as conquistas que elas tiveram no mercado de trabalho retrocederam muito nos últimos dois anos", diz.

Comportamentos distintos
O estudo da Paschoalotto mostra ainda que o comportamento do endividado não é uniforme. Há o grupo daqueles que deixam a vida de lado e seguem com a rotina, sem ligar se o nome está sujo na praça, e o outro perfil de devedor, que prefere vender algum bem, como o carro, para resolver a inadimplência.

O que fazer para sair do buraco financeiro?
O cartão de crédito é uma forma já utilizada por muita gente para driblar a falta de dinheiro no fim do mês, mas que cobra juros muito altos quando não é pago em dia. Muitas vezes uma só pessoa tem mais de um cartão, que servem para "ajudar" a dar conta dos gastos. Para os especialistas, trocar uma dívida por outra pode ser uma saída, desde que as taxas sejam realmente vantajosas.

Para o educador financeiro Flávio Pretti, da Planejar, além de um cenário econômico já complicado no país, a situação de inadimplência crônica do brasileiro é agravada devido ao baixo nível de educação financeira. "Para quem não é controlado, o cartão de crédito é um inimigo", diz. "Nós só deveríamos tomar crédito emprestado quando fosse absolutamente imperativo para a vida, quando acontecesse algum imprevisto e não no dia a dia".

Para quem quer sair de um ciclo vicioso de inadimplência, na avaliação de Pretti, o primeiro passo é sentar e calcular os rendimentos e gastos mensais, para encontrar possíveis "penduricalhos" que podem ser cortados. O segundo passo é renegociar dívidas já existentes para evitar o efeito bola de neve. "Dever na praça deixa as pessoas doentes, elas ficam com a capacidade intelectual reduzida de tanta preocupação".

CLIQUE AQUI e leia a matéria completa e original do site InfoMoney.

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Foto: Kanchanachitkhamma / Canva Pro

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