Como montar uma carteira para enfrentar a inflação, os juros altos e o ano eleitoral?

13/01/2022
homem executivo aponta gráfico de barras em ascensão nas cores azul e laranja feito com projeção de luzes

O contexto de crescimento econômico fraco, inflação e taxa de juros no maior patamar dos últimos quatro anos tem embolado o meio de campo para os investidores brasileiros. E como se tudo isso não bastasse, as eleições presidenciais devem trazer um ingrediente extra de incerteza, passando a ditar o rumo dos ativos e ampliando a volatilidade do mercado. Como montar uma carteira de investimentos diante desse cenário?

Na avaliação de alocadores e gestores de patrimônio consultados pelo site InfoMoney, o ambiente exige parcimônia, com alocações ponderadas e portfólios diversificados, por meio de investimentos descorrelacionados – que reajam em direções distintas aos fenômenos econômicos e políticos.

Fugir dos ativos de risco pode até contribuir para o investidor evitar grandes perdas, mas também pode inibir os ganhos. Por isso, as casas têm optado por incluir Fundos Multimercados que possam surfar diferentes mercados, Fundos de Ações com estratégias mais flexíveis, assim como papéis de Renda Fixa que se beneficiem do aumento da Selic e da inflação.

Renda Fixa ganha espaço
Com a taxa básica de juros em alta, o investidor mais conservador que quiser alocar em títulos de Renda Fixa pós-fixados – isto é, atrelados à Selic ou ao CDI – pode encontrar bons resultados e alta liquidez.

Mas isso não vai ajudar se a inflação não começar a ceder, destaca Rodrigo Sgavioli, chefe da área de alocação e fundos da XP. Se a alta dos preços não for contida, a rentabilidade real (acima da inflação) deve ser reduzida e esse é um fator que o investidor deve ficar atento.

Uma alternativa é incluir na carteira, títulos do Tesouro Direto atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os chamados Tesouro IPCA+, com prazos até 2026, segundo o especialista da XP. Eles têm oferecido a inflação mais uma taxa, na ordem de 5% ao ano.

Uma “pimentinha” nessa carteira conservadora pode estar ainda nos títulos prefixados com vencimento para, no máximo, dois anos, que estão pagando prêmio acima de 10% ao ano. A fatia, contudo, deve ser pequena, destaca Sgavioli, dado o cenário de alta nos juros e de incerteza político-fiscal.

Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management, também diz que gosta de alocações em Tesouro IPCA+, dado que os títulos oferecem uma relação entre risco e retorno “interessante”.

Ele afirma que se a busca do cliente é por conservadorismo, a recomendação é procurar prazos mais curtos nos ativos de Renda Fixa, dado que quanto mais longos, mais sensíveis ao cenário macroeconômico e políticos estão os papéis.

Já na fatia de Crédito Privado, Marco Bismarchi, sócio e gestor da Tag Investimentos, diz gostar de ativos de crédito high grade (títulos com alta qualidade de crédito e, portanto, menor risco), que negociam hoje com taxas de CDI +2%.

A casa gosta ainda de ter uma parcela alocada em crédito high yield (que embutem maior expectativa de risco e retorno), em que é possível encontrar retornos de CDI +6%.

Incerteza X flexibilidade com Fundos Multimercados
Na avaliação de Sgavioli, da XP, todo investidor – com exceção do ultraconservadores – deveria ter uma fatia alocada em multimercados, ampliando a alocação à medida em que cresce o perfil de risco.

Eles são atemporais e há algumas subclasses de Multimercados que adoram pegar quebra de comportamento e aproveitar a volatilidade do mercado.

Sgavioli destaca que são fundos que conseguem operar em vários mercados, podendo mudar de mão de forma mais rápida do que um investidor comum. Contudo, estes devem ser investimentos feitos para longo prazo, com uma janela de, no mínimo, três anos para captar melhores desempenhos.

Na XP, a carteira sugerida aponta para alocação de 28% em Multimercados no portfólio de investidores moderados e de 25% no de arrojados.

As posições são semelhantes na Portogallo Investimentos, com 30% nos portfólios de investidores com perfil de risco moderado e arrojado. Já na Tag, a fatia é de 10% para todos os perfis. É importante frisar que a recomendação varia de acordo com o perfil e objetivos do cliente, claro.

Barcellos, da Azimut, pensa de forma semelhante. Segundo ele, a alocação em Multimercados é uma posição estrutural que todo investidor deveria ter. O foco no longo prazo, contudo, é fundamental para conseguir bons retornos, reitera.

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IMPORTANTE: Recomendação não é garantia de rentabilidade futura.

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Foto: Getty Images Pro

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