Superciclo das commodities: fogo de palha ou alta na Bolsa se sustenta?

19/05/2021
indústria de energia e plataforma de petróleo

O Ibovespa, principal índice de ações da B3, desde o início da pandemia se destacou negativamente entre os principais do mundo, chegando a atingir a marca de pior desempenho global entre os benchmarks de mercado. Só que em 2021 - e graças ao rali das commodities em abril e maio - parece que a coisa mudou de figura, o índice, inclusive, voltou a se aproximar das máximas históricas dos 125 mil pontos.

Para Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, o Ibovespa não só teve uma das maiores altas do mundo no último mês como não faz mais parte do "Top 10" de piores quedas do ano, sendo que há dois meses, em fevereiro, o índice se consolidava como o pior do mundo.

A mudança de chave com rápida melhora se deve ao boom das commodities e ao fato do Brasil ser um dos países que mais tem exposição a esses produtos na Bolsa. “Em torno de 33% do Ibovespa é composto por ações ligadas às commodities, enquanto outros índices têm uma exposição muito menor ”, diz.

O minério de ferro, por exemplo, principal produto exportado pela Vale se valorizou mais de 30% esse ano e impulsionou as ações da mineradora, que acumulam ganhos de 42,33% em 2021 e de 4,59% em maio. Sozinho, os papéis da Vale respondem por 12,3% da composição da carteira teórica do Ibovespa.

Outras commodities, como o petróleo, também registram ganhos consideráveis no ano. Em 2021, o barril do tipo Brent já subiu 34,43%, alcançando US$ 69,42. Apesar disso, as ações da Petrobras seguem operando no vermelho em 2021, uma vez que as incertezas a respeito da intervenção política nos preços rondam a estatal desde fevereiro.

Vale lembrar, contudo, que os papéis da petroleira avançam 11,47% este mês e representam 9,63% do Ibovespa.

Marcos Kawakami, gestor de fundos de ações da BNP Paribas Asset Management, acredita que com a atividade econômica global retomando é normal que as commodities se valorizem devido ao aumento da demanda.

Além disso, para Ferreira, como o mercado está preocupado com o aumento da inflação nos Estados Unidos - e os investidores globais procuram se proteger desse fenômeno - o Brasil acaba sendo um país muito bem posicionado neste cenário porque está firmemente atrelado ao avanço nos preços dos produtos básicos, que hoje pressionam os indicadores de inflação nos EUA.

Esta opinião é partilhada pela equipe de análise da Levante, para quem a valorização acentuada das commodities deve demorar para passar. "Apesar de alguns sustos com relação à inflação, os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa devem manter as condições monetárias 'estimulativas'. Em tempos de dinheiro farto e juros zero ou negativos, uma das alternativas dos investidores ao redor do mundo é comprar commodities para se defender da perda de valor da moeda".

Além disso, os resultados fortes dos bancos no primeiro trimestre também tiveram sua parcela de responsabilidade no bom momento da Bolsa, uma vez que as empresas ainda estão muito ligadas aos grandes bancos por causa do crédito e pela necessidade de um atendimento mais focado, que cubra necessidades mais complexas, enquanto as fintechs focam mais em pessoas físicas.

Expectativas de mais altas
Recentemente, a XP revisou sua projeção para o Ibovespa para o fim de 2021 de 135 mil pontos para 145 mil pontos, destacando como as duas principais razões para isso o forte aumento nas expectativas de lucros das empresas do Ibovespa e uma leve acomodação nas taxas de juros de longo prazo no Brasil (taxas de juros reais).

A expectativa é de que o lucro por ação no Brasil deva crescer 199% em 2021 em relação ao ano passado. Mesmo quando comparado a 2019, 2021 deve apresentar um forte crescimento de 125%, já para 2022, o mercado por enquanto projeta lucros estáveis em relação à 2021, muito provavelmente por conta da projeção do dólar mais fraco frente ao real e dos preços das commodities normalizando em patamares menores.

Conforme a vacinação avançar e a pressão por medidas mais rigorosas de isolamento social diminuir, o faturamento das empresas crescerá, uma vez que essa é uma crise de “represamento de consumo” e não um problema de crédito ou de perda da renda das famílias e empresas no longo prazo.

Todavia, Marcos Kawakami alerta que a alta das ações neste cenário será desigual, com algumas empresas e setores se dando melhor e outras nem tanto. Mas o quadro para as empresas de commodities segue positivo.

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Foto: Aedkais / Getty Images Pro

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