Selic com tendência de alta: o que muda nos seus investimentos?

18/03/2020
pessoa segurando uma caneta aponta para um gráfico de investimentos. sobre ele, estão um porquinho, símbolo de poupar, e uma calculadora analógica

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar a taxa básica de juros marca uma nova era da política monetária. A elevação de 0,75 ponto percentual na Selic, para 2,75% ao ano, é a primeira desde julho de 2015 e uma resposta do Banco Central à escalada dos riscos fiscais, do câmbio e da inflação.

A piora do cenário fez com que o aumento dos juros fosse antecipado e superou a margem esperada. Mas não deve parar por aí. A expectativa para a Selic subiu de 4% para 4,5% no fim de 2021 e para 5,5% no fim de 2022.

Com uma escada já demarcada para os juros subirem à frente, é natural que os investidores tenham dúvidas sobre como ajustar suas carteiras. A primeira coisa a se levar em consideração é que, por mais que a expectativa seja de juros mais altos, dificilmente o Brasil voltará a ter Selic de 10% ou mais no curto e médio prazos. Assim, se você é um dos quase 3,5 milhões de brasileiros que estão na Bolsa, não precisa sair correndo das aplicações em Renda Variável, mas talvez seja um bom momento de avaliar se a sua exposição está alinhada ao seu apetite ao risco.

Renda Fixa
A mudança de patamar na taxa Selic, usada como referência para a rentabilidade na Renda Fixa com o CDI, é, por ora, pequena. Mas a expectativa de que vem mais aumentos por aí faz aumentar o brilho dos títulos, que vinham sendo renegados.

Dentre os títulos públicos, Bernardo Zerbini, gestor da AZ Quest, avalia que o mais promissor no contexto atual é o Tesouro IPCA, que paga uma taxa de juros mais a inflação do período até o vencimento, o que é vantajoso em tempos de receio de aumento da inflação, especialmente se comparado com o Tesouro Prefixado, que paga uma taxa "combinada com o governo" no momento da compra. O risco é não saber quanto dessa alíquota será "comida" pela inflação até a data de vencimento.

Para Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos, realmente os maiores riscos no momento estão nos títulos prefixados, mas isso aumenta seu potencial de retorno.

Além disso, com os juros mais altos, o investidor também tende a se aventurar menos em títulos de crédito privado mais arriscados. "Hoje tem mais vantagens aplicar em fundo de crédito privado porque existe um monitoramento constante. As empresas são seres vivos, elas mudam ao longo do tempo e o gestor desses fundos é ativo em reduzir ou aumentar o risco conforme percebe o desempenho das empresas", explica Pierre Jadoul, gestor de crédito da ARX Investimentos.

Renda Variável
Embora o nível mais alto dos juros não seja um chamariz de volta com força total para a Renda Fixa, o contexto geral já vem afastando novos aportes. Algumas ações listadas na Bolsa tendem a ser "inflacionárias" e, no longo prazo, refletir nos seus preços a inflação do período, uma vez que repassam esses ajustes nos preços de seus produtos e serviços, como acontece com as empresas do setor de energia.

No varejo, os supermercados repassam o aumento de preços para o consumidor com maior facilidade do que outros setores e o consumo de alimentos sofre menos variação de demanda, já que todo mundo precisa comer.

Com a retomada da economia quando a vacinação da população avançar, Alexandre Sabanai, da Perfin Equities, considera interessante também a ação da BR Distribuidora, que repassa os reajustes de combustíveis.

Já Zerbini alerta que é preciso escolher bem as ações que poderão se beneficiar desse movimento de alta de juros e de inflação e o investimento por meio de fundos colabora para a pulverização maior da alocação com menos dinheiro, #ficaadica.

É natural que os investidores estejam mais conservadores hoje diante das inúmeras incertezas que cercam o futuro da economia brasileira e isso acabe levando a uma aversão maior ao risco da Bolsa. Para Carlos Messa, gestor da Quasar, o investidor que tem cerca de 30% do seu portfólio hoje em ações pode reduzir sua exposição e manter um caixa para as oportunidades que surgirem em momentos de queda.

Reserva de emergência
O patamar dos juros básicos não deveria influenciar nas escolhas do investidor na hora de fazer a reserva de emergência, uma vez que ela é uma espécie de "boia salva-vidas" para momentos inesperados. Sua função é salvar nas emergências e não deixar alguém "rico" ou ampliar o seu patrimônio.

As aplicações voltadas para a reserva de emergência devem ter baixa volatilidade, disponibilidade imediata de recurso e segurança e os investimentos que respeitam esse "tripé" são: Tesouro Selic, Fundos de Renda Fixa DI e CDBs com liquidez diária.

A reserva de emergência deve ter o valor equivalente a seis meses de seu custo fixo mensal, mas há quem recomende até 12 meses, dependendo da sua situação de renda: se é trabalhador com registro em carteira (CLT), se tem um sólido FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) ou se é profissional liberal sem renda fixa, por exemplo.

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Foto: Nuthawut Somsuk / Getty Images

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